Uma Capela à Santa Rita dos Impossíveis
|
No intuito de
contribuirmos na mesa da partilha do conhecimento, escreveremos alguns artigos sobre
a História da Religião Católica em Santa Rita – PB. Pedimos licença aos
historiadores e historiadoras desta terra, para adentrarmos neste campo de
pesquisa, respeitando a riqueza até hoje produzida por tão competentes amantes
da história da nossa cidade.
Nosso objetivo
principal, é claro, é o de cooperar no processo de resgate da história da
Igreja Católica na nossa cidade, seu surgimento e seu desenrolar, que já vem
deixando seu rastro nestes três últimos séculos, desde os tempos provinciais
aos nossos dias. Por esta razão, traremos para este espaço de comunicação da
Paróquia Santuário de Santa Rita de Cássia, elementos que ajudem a contar um
pouco dos mais de duzentos anos de fé e devoção à Santa das Causas Impossíveis
nesta cidade.
Um destes
elementos essenciais, que continua a dialogar cultural e religiosamente com o
povo desta terra e que queremos destacar neste trabalho, é sem dúvida alguma, a
Igreja de Santa Rita de Cássia.
A pequena Capela
em honra de Santa Rita, hoje Santuário, foi construída quando um núcleo
habitacional muito acanhado começava a surgir. Podemos dizer que em meados de
1776, Santa Rita não passava de um pequeno arraial, um simples povoado. A
respeito disso, Lapemberg Medeiros de Almeida[2],
registrou num trabalho que infelizmente nunca chegou a ser publicado, informações
fundamentais sobre a história da cidade, entre elas, a de que a parte urbana desta
povoação nasceu do “produto do
desenvolvimento de algum agrupamento de tropas, ponto de pernoite”.
Segundo o autor,
aquilo que hoje corresponde ao seu centro habitacional, começou como um acampamento
que servia de apoio para os viajantes que cruzavam a Paraíba, da capital ao
sertão e vice versa, encontrando em Santa Rita, aprazível paragem, onde aos
poucos foi surgindo habitações no entorno deste ponto originário.
A famosa obra
sobre a História Paraibana, “Datas e notas para História da Paraíba, volume 1”,
escrita em 1909 por Irineu Ferreira Pinto, registra que a Igreja de Santa Rita,
“foi edificada no presente ano (1776),
segundo um dístico existente na fachada da dita Igreja, assim concebido: A 6 de
Dezembro do Anno de 1776”.
Tal dístico que
Irineu Pinto referia-se é o mesmo que hora encontra-se no interior da Igreja,
ao lado esquerdo da porta principal, encravado na parede, onde podemos vê-lo,
em pedra calcária e com as descrições “A
6 DE dzbro NO ANNO Sto DE 1776”.
É com certeza um
pequeno mimo dos tempos passados, que guardado com tanto carinho e em local
adequado, continua a cumprir sua secular função de informar em tão precioso
letreiro, datas importantes para a História da cidade e de seu passado
religioso. Tal cuidado, devemos à sabedoria e zelo do saudoso Monsenhor Rafael
de Barros Moreira, que o quis colocá-lo ali em 1932, no período da conclusão
dos trabalhos da inauguração da torre que deu nova forma à fachada da Igreja.
Lapemberg escreveu
também, que a Igreja de Santa Rita, foi “inicialmente
uma capela de pedra e cal, de estilo modesto, desprovida dos requintes da arte
e do bom gosto, sem o cuidado arquitetônico, sem a perfeição da arte”. Quanto
à data de sua construção, além de fornecer a mesma informação que Irineu Pinto,
ele também relacionou este fato ao próprio surgimento e desenvolvimento
comercial do povoado, especialmente ao relatar um livre comércio de ambulantes,
que tivera sua origem naquele antigo “pouso” inicial, instalado “possivelmente à margem do Paraíba, junto ao
alto aonde foi, em 1776, construída a atual matriz”.
Com base nisto e
desejosos de conhecer traços de sua construção original, nos arriscamos a
desenhar este modesto estudo em nanquim, que representa um pouco da primeira
fase arquitetônica desta Igreja, que vai de 1776 à década de 1920. Obviamente
não esgotamos os estudos a esse respeito e futuramente traremos outras
contribuições artísticas sobre o assunto.
Além disso, outros aspectos mais contextuais, também são importantes para conhecermos melhor o surgimento da Igreja de Santa Rita. Quando a capela foi construída, a Diocese da Paraíba ainda não existia canonicamente, ou seja, seu território eclesiástico, suas freguesias e capelas, cuja circunscrição hoje consiste nas Arquidioceses da Paraíba e Natal – RN, pertenciam antes de 1892 ao Bispado de Olinda, funcionando naquela época como sua Província Eclesiástica anexa. Neste período, a Diocese estava sob o comando pastoral de Dom Tomás da Encarnação da Costa e Lima, que foi o seu décimo bispo e que a governou de 1774 a 1784.
Além disso, outros aspectos mais contextuais, também são importantes para conhecermos melhor o surgimento da Igreja de Santa Rita. Quando a capela foi construída, a Diocese da Paraíba ainda não existia canonicamente, ou seja, seu território eclesiástico, suas freguesias e capelas, cuja circunscrição hoje consiste nas Arquidioceses da Paraíba e Natal – RN, pertenciam antes de 1892 ao Bispado de Olinda, funcionando naquela época como sua Província Eclesiástica anexa. Neste período, a Diocese estava sob o comando pastoral de Dom Tomás da Encarnação da Costa e Lima, que foi o seu décimo bispo e que a governou de 1774 a 1784.
Quanto às
informações a respeito de quem construiu a Igreja, não temos nenhuma fonte que nos
informe algo mais acertado sobre o assunto, ou mesmo que nos forneça detalhes sobre
os meios pelos quais a devoção a Santa Rita de Cássia chegou à Paraíba
colonial. O próprio Lapemberg reconhece esta lacuna e compartilhando desta
carência histórica a respeito da Igreja de Santa Rita, deixou escrito em sua
valiosa pesquisa que “quem a construiu
até hoje ninguém o sabe”.
O fato é que sessenta
e três anos depois de sua primitiva construção, foi criada aos 20 de Fevereiro
de 1839, por força da Lei Provincial nº 2, a Freguesia de Santa Rita, sendo sua
capela elevada a categoria de Matriz. Ao longo de seus duzentos e trinta e
oitos anos, ela foi sendo ampliada e modificada diversas vezes, mas sobre este assunto
abordaremos mais adiante em posteriores trabalhos.
Hoje, ao
admirarmos o templo que se destaca na praça central da cidade, fica quase que
impossível compara-lo àquela capela inicial, que foi sendo ampliada e adornada
ao longo dos anos e que viu nascer um povoado, uma freguesia, uma cidade
chamada Santa Rita.
Queremos,
portanto, segundos nossas possibilidades, trazer mais informações sobre a
história do nosso Santuário, contribuindo é claro, na imensa seara daqueles e
daquelas que também se dedicam a espalhar às gerações atuais, a rica história
de nossa terra, seja em livros ou artigos, e agora, portanto, também por estas
importantes ferramentas de ensino e partilha do saber, que são o blog e o
informativo “O Santuário”.
[1] Marcelo é estudante do Curso de Ciências das Religiões na UFPB e trabalha como Secretário na Paróquia Santuário de Santa Rita de Cássia, Santa Rita – PB.
[2] Foi funcionário da antiga Great Western of Brazil Railway Company Limited, que no fim do século XIX, possuía estradas de ferros em vários estados brasileiros, entre eles a Paraíba. A obra inédita de sua autoria tem por título “Santa Rita antes e depois de 1889. Apontamentos para a História do Município”, trabalho de 1948, realizado por ele e que traz uma excelente pesquisa sobre a história de Santa Rita-PB, sob vários aspectos, mostrando em panorama geral o surgimento e o desenvolvimento do município até meados do século XX. Antes disso dirigiu a edição do primeiro e único “Anuário Informativo do Município de Santa Rita - 1937”, outro trabalho de cunho documental que por sua vez foi publicado e pode ser consultado no Instituto Histórico e Geográfico da Paraíba, localizado em João Pessoa.
Referências Bibliográficas
ALMEIDA, Lapemberg Medeiros de. Santa Rita antes e depois de 1889. Apontamentos para a História do
Município. Santa Rita, 1948.
PINTO, Irineu Ferreira. Datas
e Notas para a História da Paraíba. Vol 1. João Pessoa: Editora
Universitária UFPB, 1977.
Parabéns Marcelo, pelo belo artigo!!!
ResponderExcluirGostaria de saber qual foi o ano que a imagem da santa foi para igreja matriz,e quem fez essa bela imagem
ResponderExcluir